A legalização do aborto esquentou os ânimos no último dia da 3ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres. Depois de muito protesto e barulho, a maioria das representantes dos movimentos feministas decidiu incluir o tema no documento final do encontro.
Em uma primeira votação, as
participantes aprovaram proposta que pedia a “descriminalização do
aborto e o atendimento humanizado na Rede de Saúde Pública do Sistema
Único de Saúde (SUS), para que seja garantida a autonomia da mulher e
que nenhuma mulher seja punida, maltratada ou humilhada por ter feito um
aborto e não corra risco de morte”.
Houve insatisfação com o teor do
documento por parte de um grupo que passou a cobrar a inclusão da
legalização do aborto na proposta. “Legaliza. É meu direito de escolha”,
diziam as defensoras da legalização. “A legalização não vai ajudar no
debate no Congresso”, contestavam as contrárias.
A coordenadora da mesa, Rosana Ramos,
teve de convocar a votação da proposta por duas vezes por causa da
discussão em torno do tema. Na segunda votação, a maioria aprovou a
proposta com o item sobre a legalização do aborto.
A ministra da Secretaria de Políticas
para as Mulheres, Iriny Lopes, alertou que o debate para mudança na lei
brasileira para incluir a legalização do aborto deve ser articulado com o
Congresso Nacional, e não com o governo federal. Segundo ela, o governo
irá respeitar a legislação atual, que considera o aborto crime e o
autoriza somente quando há risco de morte para a gestante ou a gravidez
ocorreu em decorrência de estupro.
As conferencistas aprovaram também a
ampliação da licença maternidade de quatro meses para seis meses e
medidas que garantam a autonomia financeira das mulheres, como
capacitação e inclusão delas em atividades econômicas dominadas pelos
homens.
A conferência reuniu cerca de 2,5 mil
representantes de mulheres de todos os estados do país durante quatro
dias de debates. O documento final será compilado e encaminhado a órgãos
federais, estaduais e municipais.
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